Pra saber como é o meu pai, pergunta sobre o Tite pra ele prucevê:
– Técnico retranqueiro! Não sabe mexer no time!
– Mas, pai, ele ganhou tudo pelo Coringão!
– Ganhou, porque os outros são ruins.
Meu pai é assim: irônico e sagaz. Bravo, exigente e sério.
E chato.
O Corinthians tinha que ser o melhor do mundo jogando bonito! Não daquele jeito “1×0 é goleada” do Tite.
E não adianta justificar e argumentar. Ele sempre tem uma resposta. E, se alguém tem um problema, já resolve logo também. Só não fica enchendo o saco.
– Pai, vamo no jogo?
– Vamo.
Cinco minutos depois:
– Pai, miou o jogo. Deu um problema aqui. Tudo bem?
– Tudo.
Meu velho é simples e solidário.
Se ganha algo, divide com a família. Na hora.
Se não ganha, divide também. E não se endivida. É matemático, automático, mas não é dramático.
T-R-A-B-A-L-H-A-D-O-R.
E do bem, sem alarde. Faz o bem até pra quem não conhece. E se conhece? Maluco do céu!!! Ele faz o bem em proporções muito maiores.
Mas não conta pra ninguém.
Às vezes eu acho até que meu chefe me mandou um e-mail, mas era só meu pai:
“Acerto de contas do mês: R$500.
Abs.
Wm.”
Porra, pai! Manda um “te amo, filhão!”
Não adianta. Ele não é de escrever. O velho apenas faz. O amor dele está nas ações. As aulas dele estão nas atitudes.
Ele é o meu maior professor sem dizer nada. E é isso que eu não consigo. Sou da palavra dita, escrita, cantada, postada, publicada, twittada, xingada, chorada.
Pois é, mas Wm é de palavra, justo demais, curto e direto. Por exemplo: se vier pro papel algo sobre esse texto, virá assim:
“Guilherme, obrigado pelo texto.
Abs.
Wm”
Eu tento ser que nem meu pai Walmir, mas não consigo.
Te amo, velho.
Feliz Dia dos Pais.
Abs.
GGF